sábado, 13 de abril de 2013

O Rei da Morte - Jörg Buttgereit

"Em seis dias, Deus criou o céu e a terra. No sétimo, se suicidou."

Jörg Buttgereit é um cineasta/roteirista/escritor de peças de teatro e crítico de cinema alemão. Nascido em Berlim, Buttgereit desenvolveu um gosto pelo transgressor logo em seus primeiros trabalhos, parodiando elementos da cultura alemã em pequenos curtas. Seu primeiro trabalho de destaque foi o horrível (mas hilário) Hot Love, que conta uma clichê história de vingança. Porém, em 1987, Buttgereit lança o clássico transgressor Nekromantik, que contando com cenas repulsivas de necrofilia e assassinato, abriu para o diretor as "portas do underground". Seu segundo (e melhor) longa, é O Rei da Morte (Der Todesking), de 1989.

O Rei da Morte representa o início da maturidade técnica de Buttgereit. Se Nekromantik apresentava praticamente cenas aleatórias costuradas com repulsão, O Rei da Morte, mesmo sendo um filme dividido em capítulos (sete suicídios em sete dias da semana), consegue fazer conexões entre uma trama e outra, sem se tornar maçante ou confuso. Pelo contrário, é um filme que apesar de lento, cria situações que prendem a atenção à todo momento, transformando em uma atividade prazerosa assistir algo tão mórbido, e que de acordo com alguns, é uma ode ao suicídio.

Algo interessante em O Rei da Morte é a proposital falta de empatia do público para com os personagens. Todos os personagens do filme são vazios, como se fossem apenas seres orgânicos esperando (acelerando na verdade) a morte. Isso seria um grave defeito do roteiro se o filme não pedisse algo parecido. O Rei da Morte certamente não seria o que é se tivesse personagens "Tarantinescos", que dialogassem durante minutos e tivessem uma missão ou motivação mirabolante. O filme cria uma atmosfera incrível justamente pela sensação de abandono que sentimos durante a exibição.

Enfim, O Rei da Morte é um filme que causou muito impacto em mim quando o assisti pela primeira vez, e acho que todos que assistirem sentirão a mesma coisa.

Ps:. O suicídio de domingo é algo perigoso.

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