"O filme que você verá agora é um dos mais violentos já realizados. Há pelo menos duas dúzias de cenas de torturas bárbaras e sádica crueldade, mostradas de forma explícita. Se você fica chocado com a apresentação de material repulsivo, por favor, não veja este filme."
Nos anos 70,o cinema italiano estava produzindo à todo vapor. Dario Argento, Joe Damato, Lucio Fulci, Luigi Cozzi, Sergio Martino e mais vários cineastas trabalhavam e praticamente todo ano lançavam obras novas, de todos os gêneros cinematográficos. Da comédia ao romance, do drama à ação, do erótico ao documentário. Tudo foi feito pelos italianos na década de 70, porém o gênero que mais teve destaque foi o terror.
No começo dos anos 70 (1972 mais precisamente), Umberto Lenzi lançou o ruim The Men From the Deep River, uma aventura baseada nos documentários Mondo da década de 60, que contava a história de um fotógrafo que se perde numa floresta da Tailândia, e é mantido refém por uma tribo nativa. O filme não causou muito alarde, apenas foi fisgado pela censura de alguns países mais ferrenhos. Em 1977, o talentoso Ruggero Deodato lança o bom Jungle Holocaust, que transformou o gênero "Terror Canibal", iniciado por Lenzi, em uma onda cinematográfica. Até o começo dos anos 80, Sergio Martino faria The Mountatin of the Cannibal God e Lenzi tentaria mais uma vez fazer sucesso com o picareta Mangiati Vivi - Eaten Alive. Quando Deodato lança a obra prima Cannibal Holocaust (1979), Lenzi decide extrapolar os limites do aceitável, lançando o horrível Cannibal Ferox.
Lançado em 1981, Cannibal Ferox começa com uma voz feminina infantil avisando ao espectador o que estará por vir, e logo pula para Nova Iorque, mostrando um usuário de drogas voltando para casa após um longo tempo na reabilitação. Ao invés de ir para casa, o "consumidor" passa na casa de Mike Logan (Giovanni Lombardo Radice, sob o pseudônimo de John Morghen), um traficante de drogas. Mas ao invés de encontrar seu fornecedor, encontra dois mafiosos procurando po Logan, que sumiu com muito dinheiro. Ao dizer que não sabe onde Logan está, o usuário é assassinado.
Num enorme corte geográfico, vamos para a Amazônia, onde três estudantes esperam para ir até o outro lado de um rio. Eles são Gloria Davis (Lorraine de Selle), Rudy Davis (Bryan Redford, pseudônimo de Danilo Mattei) e Pat Johnson (Zora Kerova, ícone do cinema de horror italiano, que trabalhou com Joe Damato e Lucio Fulci). Gloria está preparando sua tese para a conclusão da faculdade, e para isso precisa se envolver com tribos indígenas. Após atravessarem o rio, encontram Logan e seu "amigo" (pff) Joe Costolani (Walter Lloyd, pseudônimo de Walter Lucchini).
Após o encontro dos personagens principais, Cannibal Ferox se transforma em uma grande aula de como não se fazer um filme. Extremamente repetitivo e apelativo, o filme plagia na cara dura diversas produções extremamente superiores como todas as já citadas anteriormente. É claramente um filme ruim, mas que teria chances de criar algumas cenas antológicas se Lenzi fosse um diretor pelo menos regular.
Cannibal Ferox é um filme tão mal dirigido que até cenas com grande potencial são praticamente jogadas pelo ralo. Um grande exemplo disso, é quando Gloria vê Pat ser pendurada pelos seios e começa a rezar para que sua amiga morra rápido e não sinta tanta dor. É uma cena que nas mãos de um diretor melhor, teria uma grande carga dramática, mas que nas mãos de Lenzi se torna apenas mais uma.
Resumindo tudo isso, Cannibal Ferox é uma grande bobagem pessimamente criada por Umberto Lenzi. Para não dizerem que eu estou exagerando, o próprio Lenzi disse em uma recente entrevista que não considera Cannibal Ferox arte. Eu particularmente considero Cannibal Ferox arte, mas não de boa qualidade.
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